sexta-feira, 31 de outubro de 2008

LENGALENGA



Ladaínha da Grande Queimada das Bruxas



Sapos e bruxas, mouchos e crujas,
demonhos, trasgos e dianhos,

spírtos das eneboadas beigas,

corvos, pegas e meigas,

feitiços das mezinheiras,

lume andante dos podres canhotos furados,

luzinha dos bichos andantes,

luz de mortos penantes,

mau olhado, negra inveija,

ar de mortos, trevões e raios,

uivar de cão, piar de moucho,

pecadora língua de má mulher

cum home belho.

Vade retro, Satanás,

prás pedras cagadeiras!

Lume de cadávres ardentes,

mutilados corpos dos indecentes peidos de infernais cus.

Barriga inútil de mulher solteira,

miar de gatos que andam à janeira,

guedelha porca de cabra mal parida!

Com esta culher levantarei labaredas deste lume,

que se parece co do Inferno.

Fugirão daqui as bruxas,

por riba de silbaredos e por baixo de carbalhedos,

a cabalo na sua bassoira de gesta,

pra se juntarem nos campos de Gualdim.

pra se banharem na fonte do areal do Pereira...

Oubide! Oubide

os rugidos das que estão a arder nesta caldeira de lume.

E cando esta mistela baixe polas nossas gorjas,

ficaremos libres dos males e de todo o embruxamento.

Forças do ar, terra, mar e lume,

a vós requero esta chamada:

Se é verdade que tendes mais poder

que as humanas gentes,

fazei que os spírtos ausentes

dos amigos que andam fora

participem connosco desta queimada!

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