segunda-feira, 27 de outubro de 2008

É ESTRATÉGIA "D'INGINHEIRO", CARAGO!

Imagem daqui
Todos nós já sabemos que, em ano de eleições, os governos encontram sempre umas economias que estavam escondidas. Como quando começa o Inverno e nos damos com uns trocos no fundo dos bolsos dos casacos, sabem?
Tal o "inginheiro" agora: primeiro atira-nos para o buraco, depois parece que vem salvar mas o buraco continua lá...
Opinião de Daniel Oliveira publicada no Expresso Online:

"Sim, já podemos"


«Durante três anos ouvimos a conversa do inevitável. Escolas e urgências fecharam porque não havia dinheiro. Museus ficaram sem vigilantes por causa dos cortes orçamentais. O tempo de reforma foi encurtado porque a segurança social não era sustentável. Os impostos subiram porque tínhamos de fazer sacrifícios. Os funcionários públicos, e com eles os do privado, perderam quase 10% de poder de compra nos últimos anos porque não podíamos pagar aumentos salariais. O défice, que, como era previsível, deixou agora de ser uma prioridade para a Europa, explicava tudo. Só não explicava as obras públicas megalómanas.
Até que se aproximam as eleições e tudo passa a ser possível. Podemos pagar aumentos salariais, aumentos nas reformas, tudo. Agora Sócrates diz, preocupado, que todas as famílias precisam de ajuda. Não precisavam antes? Ou não terá dado o nosso primeiro-ministro pela crise que nos acompanha, mais do que aos restantes europeus, há uns anos? Não terá reparado no aumento do desemprego que atira milhares para a miséria? Não terá reparado no desespero da classe média que, com o aumento das taxas de juro, não sabe como continuar a pagar as prestações da casa?
Mas afinal era possível. Afinal havia dinheiro. O Governo estava apenas a guardar-se para o ano de todas as eleições. E foi neste preciso momento que saiu a sorte grande ao PS: a crise financeira internacional. Três em um: o Governo tem um argumento para abrir os cordões à bolsa, tem um álibi para a crise nacional - que, na realidade, é anterior à crise mundial - e começa já a escrever o guião em defesa da estabilidade política e da maioria absoluta. Com que cara Sócrates vai voltar a exigir sacrifícios depois das eleições? Com a mesma de sempre. Mais uma vez, será culpa da crise.»

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