quinta-feira, 9 de outubro de 2008

DA BELEZA À TORTURA

Imagem daqui
"Famosos lêem a Bíblia em maratona na TV"

«O facto: Decorre em Roma a XII Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos. O encontro reúne 253 delegados de todo o mundo. O tema em discussão é «A Bíblia na vida e na missão da Igreja».

As coisas boas: A Bíblia é um conjunto de livros fascinantes. Estão ali séculos e séculos de literatura, séculos e séculos da história e do pensamento da humanidade. Mas, com ou sem Fé, é preciso ler cada texto à luz do seu tempo e com o mínimo de conhecimentos-base. A infelicidade é que muitos de nós estudámos o Catecismo até à 4.ª classe e pouco ou nenhuma preparação religiosa temos. Sabemos de Teologia o mesmo que uma criança de 10 anos, e ao que parece esta falta de cultura básica não nos incomoda, embora nos orgulhemos de deter diplomas universitários em todas as disciplinas e mais algumas. Mas a ignorância é confrangedora quando damos palpites sobre a religião que oficialmente professamos. Ganhávamos em seguir o exemplo da televisão pública italiana que decidiu acompanhar o sínodo com uma maratona de seis dias de leitura ininterrupta da Bíblia. O Papa começou com o Livro dos Génesis, e políticos, artistas, escritores, católicos e ateus vão continuar por aí fora. Talvez seja um ponto de partida.

As coisas más: Bento XVI abriu o encontro com um sermão contra a cultura moderna, o sucesso, a ambição, enfatizando que a crise económica e a falência dos bancos são sinal dessa sociedade de pecado e do vil metal (terá esquecido o Banco do Vaticano?). As suas críticas terão fundamento, mas a linguagem é sempre a mesma, a de uma Igreja sitiada, queixosa, à defesa. O que fizeram da Boa Nova? Confesso que prefiro as palavras da presidente da Comissão Justiça e Paz que ontem falou em tornar a crise numa oportunidade para um mundo melhor.»

Texto de Isabel Stilwell, retirado daqui

A par com todas as contradições entre o apostolado papal e a pujança do Vaticano, este exercício de leitura surge como uma tortura só semelhante à de D. Sebastião que, em tão tenra idade, teve de suportar ouvir a leitura de Os Lusíadas de fio a pavio. Consta mesmo que terá sido esse tormento que o levou à loucura de abalar para Álcacer Quibir sem sequer ter preparado umas sandocas e ali ter perecido um exército inteiro à míngua de bom senso...

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